Nossa Historia

Existentes desde tempos imemoriais, os dançadores, hoje denominados pauliteiros de S. Martinho, tudo indica, segundo comunicação de pais para filhos, terem surgido na época da peste negra europeia (1348-1350), peste que dizimou 25000000 de pessoas em toda a Europa e, de entre as quais muito(a)s jovens da região e da freguesia.
Reza a história que sobre a aldeia de S. Martinho se abateu uma doença que dizimava todas as mulheres, em especial as mais jovens, os rapazes solteiros, a mocidade vendo que o seu futuro iria ser pouco risonho, pois corriam o risco de não casarem, pediram à Virgem Maria que afastasse tal doença da povoação, e em troca do favor concedido, dançariam para Ela todos os anos. A doença desapareceu e os jovens solteiros (mocidade), continuam anualmente, no final das colheitas, a cumprir a sua promessa.
Constituiu-se assim um grupo, inicialmente de oração, sob forma de dança, mantendo-se em S. Martinho, ainda hoje, constituído apenas por solteiros (moços), que adoptaram como Padroeira a Senhora do Rosário, que veneram anualmente com a festa no último domingo do mês de Agosto e dos quais ainda hoje a sua bandeira diz ser da «Mocidade de S. Martinho».
A dança como forma de oração começou, assim, a ser posta em prática, inicialmente, apenas à porta de todo(a) e qualquer jovem vítima da referida doença e, posteriormente, a toda e qualquer porta, nuns casos para lembrar o(a)s falecido(a)s e noutros como forma de agradecimento pelo(a)s sobreviventes. Esta a razão da gravata preta quando utilizado o traje de burel.
Apenas no século XX (1930-1940) e dado o número apreciável de grupos de dançadores existentes na região, estas danças despertaram de vez a curiosidade e interesse geral dos estudiosos e etnógrafos que começaram a divulgá-las e a pública-las, pois despertavam já a curiosidade e o interesse de todos os assistentes.


Pauliteiros de Miranda 

Como é sabido, na terra de Miranda, entre os estudiosos do folclore, esta dança é quase tão antiga como a existência do homem sobre estas terras. É um conjunto formado por oito dançadores (4 guias e 4 peões), três tocadores (músicos) e dançadores suplentes. Trata-se das danças mais conhecidas na antiga Europa, segundo opinião sustentada pelo historiador etnólogo mirandês Dr. António Maria Mourinho e outros folcloristas. de nome, espanhóis, franceses, ingleses e alemães. Terão nascido no centro da Europa (região da Transilvânia) na Idade do Ferro, como dança de espadas; espalham-se pela Europa Central, Alemanha, Escandinâvia, Ilhas Britânicas, Balcãs e Península Ibérica. O historiador romano Plínio fala destas danças de espadas no seu livro «De Germania», no século l.

 

No século IlI, segundo o geógrafo Strabão, os Celtiberos ribeirinhos do Douro, aqui na Península Ibérica preparavam-se para os combates com danças guerreiras, e trocavam as espadas por paus (45 cm), para melhor executarem as danças e sem risco de ferimentos. Os povos autoctones da Espanha, Romanos, Suevos e Visigodos, conservaram-nas nas suas festas agrarias de fertilidade, para celebrarem a feliz recolha dos frutos e cereais e as passagens dos solsticios do Verão e do Inverno. Assim se mantiveram no paganismo até ao século X, quando a Igreja Católica começou a admirá-las nas festas dos santos correspondentes às mesmas épocas solsticiais e das colheitas, que passaram a celebrar-se em honra dos santos padroeiros (Nossa Senhora, Santa Bárbara, S. João, S. Jerónimo, S. Silvestre, etc.

Parece que os trajes sempre acompanharam as danças, nos séculos e milénios, e correspondem, segundo parece, á natureza das danças guerreiras -traje militar- pois, segundo estudos levados a cabo, com firmeza e seriedade pelo já citado Dr. Mourinho e outros folcloristas espanhóis, chegaram a conclusão de que são sucessores do traje militar greco-romano (ver Dr. Antonio Mourinho, «Cancioneiro Tradicional e de Danças Mirandesas», 1984 - l vol. pag. 465) chapéu enfeitado - capacete militar; colete sobre os ombros e costas – couraça e capa militar romana; saias com lenços em tiras – ságum militar romano, sobrepondo-se-lhes uma cintura que era de correias múltiplas em volta dos quadris, pendentes até por baixo dos joelhos; as meias de lã listadas de preto e botas grossas de cordovão, nas mãos um par de paus e dois pares de castanholas.

Ao toque da gaita de fole, que comanda o exercício de todo o conjunto, acompanhado de caixa de guerra e bombo, ou de flauta pastoril, executam, os ditos dançadores, um conjunto de danças diferentes e bailados que podem ir até à meia centena, todos diferentes e com letras apropriadas, música, coreografia ou passes diferentes. Percorriam as povoações por ocasião das festas religiosas dos santos padroeiros, para recolher as esmolas para a festa e participavam nas procissões, no fim das quais faziam exibição geral do seu repertório, ao que se seguia um jantar. Esta e a dança comunitária dos PAULITEIROS DE MIRANDA na sua área geográfica, na antiga e medieval terra de Miranda e na maior parte de Espanha (hoje em declínio), sempre comunitárias, onde cada aldeia mantinha o seu grupo.


São Martinho de Angueira

A Freguesia de S. Martinho de Angueira esta situada num vale a cerca de vinte quilómetros da sede do concelho (Miranda do Douro). É a freguesia mais distante da capital de Portugal, dela distando 536 quilómetros. Os seus primeiros registos históricos datam de 1437. No século XVIII era constituída pelos lugares de S. Martinho e de Angueira. Esta última tornou-se paróquia independente (do concelho de Outeiro e depois de Vimioso), mas a freguesia primitiva manteve o seu nome.


RECORDAÇÕES


REPORTAGEM RTP "Povo que canta" 1971 (Michel Giacometti)

Programa dedicado aos pauliteiros de Miranda do Douro, São Martinho de Angueira, com o registo e recolha das músicas que acompanham as danças tradicionais desta região.


PAULITEIROS EUROPEIO 2004

O grupo de Pauliteiros de São Martinho esteve presente na gala de abertura da final do Campeonato da Europa disputado em Portugal, no Estadio da  Luz, em 2004.


ATUAÇÃO NA FEIRA DE MOGADOURO

Marcamos presença na feira de Mogadouro onde realizámos uma atuação com vários laços, arrematando a atuação com o salto do castelo.


SEM PAULITEIROS NÃO HÁ FESTA 

Como sempre, marcamos presença na feira de sabores mirandeses, característica de Miranda do Douro, realizando uma entrevista para o canal Localvisão TV.

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